terça-feira, 26 de abril de 2011

As Três Irmãs - TNDM II

21 de Abril 2011
"Depois de “Platonov” (TNSJ, 2008), o fulgurante primeiro ensaio, inacabado, caótico, tido como irrepresentável, da obra teatral mais estruturante do drama moderno, e de “A Gaivota” (Ao Cabo Teatro/ TNSJ/CCVF/Teatro Maria Matos/Teatro Aveirense, 2010), uma espécie de espelho vertiginoso onde o Teatro se serve de si próprio para ensaiar uma reflexão sobre o paralelo entre vida e criação, Nuno Cardoso encerra a sua trilogia tchekhoviana com “As Três Irmãs”, metáfora do sonho destruído pelo tempo que passa, drama imbricado da decadência de uma classe dominante cuja fixação infantil na felicidade dos “tempos de antanho” esconde mal a ausência de horizonte e a perda de sentido. Reexercício de uma metodologia de trabalho que prolonga e aprofunda a ideia de ensaio, tomando o repertório e uma dramaturgia material, física, descoberta com o corpo, enquanto pontos de partida para o livre desenvolvimento das linguagens de criadores cujo trabalho conjunto parece exponenciar as qualidades de cada um.
Em “As Três Irmãs”, Olga, Macha e Irina vivem um quotidiano banal numa pequena cidade dos confins da Rússia, enquanto sonham com o regresso à Moscovo natal. Nestes tempos de crise, quando a nostalgia daquele momento em que “éramos felizes e não sabíamos”, repetindo a formulação de Pessoa, paira como uma ameaça, importa saber onde fica a nossa Moscovo, importa compreender porque é que o sonho não se torna motor de futuro. Importa redescobrir o Teatro como ensaio de nós próprios e como alternativa ao consumo cultural de massas que apenas prolonga a submissão.

de ANTON TCHEKHOV tradução ANTÓNIO PESCADA  encenação NUNO CARDOS  assistência artística e movimento VICTOR HUGO PONTES cenografia F. RIBEIRO figurinos STORYTAILORS  desenho de luz JOSÉ ÁLVARO CORREIA desenho de som RUI DÂMASO   com DANIEL PINTO, ISABEL ABREU, JOÃO GROSSO, JOSÉ NEVES, LUÍS ARAÚJO, MANUEL COELHO, MARIA AMÉLIA MATTA, MARIA DO CEÚ RIBEIRO, MICAELA CARDOSO, SARA CARINHAS, SÉRGIO PRAIA, TONAN QUITO, VITOR D’ANDRADE  co-produção TNDM II e AO CABO TEATRO"

Pontuação: 3/10
Apesar da originalidade do cenário, esta peça não me conseguiu cativar e não aguentei até ao fim :(

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